domingo, 13 de setembro de 2009

ANALISANDO A MORTE (A MORTE E SEU SIGNIFICADO ARQUETÍPICO)

O desconhecido sempre seduziu e intimidou o homem, levando a sua imaginação a fantasiar sobre o que não foi vivenciado.
Dentre os mais diversos assuntos, o mais intrigante é sobre a morte, não só por ser algo comum a todos nós (já que irremediavelmente esse é o nosso destino), mas porque as reações psicológicas que estão envolvidas são de grande interesse e estudo.
Desde que o homem se tornou um ser pensante, tal assunto aproximou-o mais da busca de um Deus, um "pai reconfortador" para acompanhá-lo na jornada em relação ao incogniscível.
As diversas mitologias e lendas relatam, de acordo com a sua cultura, as viagens da alma por vales sombrios, o julgamento por seus atos, o destino inefável para um "céu ou inferno", os tormentos e angústias por deixar o mundo dos vivos (dentre muitas, temos na cultura egípcia: "a viagem da alma na barca de Rá, levada à presença de Anubis e Maat - "Livro dos Mortos"; na cultura grega: a travessia da alma na barca de Caronte, pelo rio Estige, levada a julgamento, por Hades, cujo destino por seus atos, será os Campos Elísios ou o Tártaro (na cultura romana, temos o nome de Plutão); Eresquigal, deusa dos infernos na cultura sumeriana, cujo vizir Namtar, decide o destino da alma; Kali, a terrível, deusa da morte e transformação na cultura indiana).
Existem relatos de pacientes terminais, e mesmo de pessoas que vieram a morrer a seguir, de sonhos significativos, apontando para símbolos cujo teor resgata antigos mitos ligados à morte e mesmo situações com pessoas já falecidas. E não são só os sonhos que sinalizam de uma maneira ou de outra tal incidente; alguns artistas, através de seus trabalhos ilustraram em seus últimos trabalhos, por pressentimento ou não, símbolos ligados ao assunto (um exemplo clássico é um dos últimos quadros de Goya, onde aparece um cão emergindo das sombras - é interessante notar que em muitas mitologias o cão é um psicopompo, ou seja, guiador das almas - vide Cérbero; o famoso Réquiem de Mozart, criado dias antes de morrer, tema onde configura o julgamento da alma e sua viagem,etc).
Nas culturas primitivas, a morte tinha papel importante nos ritos de iniciação, onde o neófito passava por diversas provas arriscando sua vida e uma vez concluídas, seu velho Eu haveria de ter morrido para o despertar no novo ciclo.
Normalmente, o morto era enterrado com seus pertences e mesmo com alimentos, supondo-se que a alma retornaria ao corpo e reencontraria todos seus objetos.
A larga influência religiosa sobre o assunto, trouxe a idéia de um pós-mundo, repetindo, na verdade aspectos arcaicos de outras culturas, intimidando sempre o homem com a idéia de céu e inferno.
Psicologicamente, o homem está ainda engatinhando quanto ao tema, sendo necessário aprofundamento e profunda investigação para novas descobertas.
A morte é um tema que faz parte de nossa cultura, mas com o qual nunca nos acostumaremos de fato. Além de desconcertante no tocante, o medo do "outro lado" implica em preconceito e negação do assunto, criando sempre uma atmosfera de suspense, senão de terror para os apegados à este mundo.

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